segunda-feira, 20 de junho de 2011

- The Buke Is On The Table



Em agosto de 1920 nascia na Alemanha, Henry Charles Bukowski Jr, o guri que seria depois conhecido como o poeta escritor Charles Bukowski, o bêbado Henry Chinaski e, na finaleira da vida, o Velho Safado. Bukowski era filho de um soldado americano e logo criança a família se mudou para os EUA. Se criou ali pelo subúrbio de Los Angeles, apanhando por qualquer motivo, saco de pancadas de um pai tão frustrado quanto austero. Na adolescência, fase em que a gente já se acha feio naturalmente, foi atacado por acnes, erupções cutâneas e inflamações que taparam seu rosto e a parte superior do corpo, passando por diversos tratamentos em hospitais públicos. As surras em casa e humilhação no colégio, foram moldando uma personalidade introspectiva e o guri acabou fugindo da vida real entrando na doce ficção dos livros e a mais doce ficção da bebida. Lia, escrevia, lutava boxe na rua e bebia. Bebia como se (e para que) a vida fosse terminar no próximo segundo.
Abandonou e retomou os estudos sem nunca se formar em jornalismo. Passou por inúmeros empregos temporários e em várias cidades americanas, sempre bebendo, brigando e escrevendo, não necessariamente nesta ordem. Se fixou como empregado dos Correios. Passava noites inteiras com o lápis em uma mão e o uísque na outra e o produto dessas noites era enviado à diversas publicações independentes e a grande maioria era recusada. De vez em quando chegava o pagamento de um ou outro texto, que virava mais bebida e mais outros tantos e tantos textos.
Barbara Frye, editora da revista Harlequin, começou a se corresponder com Buke, pois estava certa de que o cara era um gênio. Reza a lenda que a mulher teria dito que nenhum homem nunca se casaria com ela. “Eu me casarei”, respondeu Bukowski e casaram mesmo, se separando logo em seguida. Apesar de ter quase 40 anos, Buke era apenas um poeta meia boca, mas daí apareceu Henry Chinaski, seu alterego, personagem que narraria sua própria vida e experiências, criando um mito: o mito Charles Bukowski. De sua máquina de escrever saíram a vida nos becos, a repulsa, nojo, humor, paixão, melancolia, solidão e algumas sem-vergonhices. Buke pintava também, uns trecos horríveis, e nunca escondeu que o que escrevia era basicamente autobiográfico. Produziu mais de 50 livros e milhares de textos, cheios de corridas de cavalo, prostitutas e música erudita. A partir dos anos 80, Charles Bukowski firmou sua fama e tinha como atividade a leitura de seus textos e poesias em universidades e eventos culturais, onde não raro participava de escândalos e brigas com a plateia. Em 1987, Henry Chinaski foi interpretado por Mickey Rourke, no excelente filme Barfly, com Faye Dunaway.

Tem um monte de abobado que acha que o velho Hank (cada um chama ele de um jeito e para ele isso parecia ótimo!) é parte da geração beat. Buke não se encaixa nisso... O Velho Safado morreu em 9 de março de 1994, de leucemia, em seu túmulo está escrito “Don´t Try”. Para saber porquê, leia Charles Bukowski.

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