sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

- Sabedoria gaúcha


Bueno. Aqui no sul temos provérbios que refletem a sabedoria e a vivência de um povo. Assim como os provérbios e adágios bíblicos, alguns possuem uma sabedoria, digamos, obscura - mas são as mais profundas formas de se aconselhar. Aqui vão alguns:

• Cavalo de borracho sabe onde o bolicho dá sombra.

• Marido de parteira dorme do lado da parede.

• Cavalo bom e homem valente a gente já conhece na chegada.

• Quem faz o cavalo é o dono.

• Mulher, arma e cavalo de andar, nada de emprestar.

• Pata de galinha nunca matou pinto.

• Cachorro que come ovelha, nem matando: morre com a cabeça virada pro rebanho.

• Vaca de rodeio não tem touro certo.

• Cada hombre, como o cavalo, tem o seu lado de montar.

• Faca que não corta, pena que não escreve, amigo que não serve, que se perca, pouco importa.

• Lugar de santo é no altar ou no céu, não neste mundo. Homem sem defeito não é bem homem.

• Onde se viu o cavalo do comissário perder a corrida?

• Quando se pega na rabiça do arado, deve-se ir até o fim do rego.

• Fala ao teu cavalo como se fosse gente.

• Quando estiveres para embrabecer, conta três vezes os botões da tua roupa...

• Quando falares com homem, olha-lhe para os olhos, quando falares com mulher, olha-lhe para a boca... e saberás como te haver...

• Cavalo dado não se olha os dentes.

• Deus tira os dentes , mas alarga a goela.

• O diabo faz a panela , mas não faz a tampa.

• Quem tem amigo e anda em égua não se aperta.

• Macaco velho não mete a mão em cumbuca.

• O sol é o poncho do pobre.

• Touro em campo estranho é vaca.

• Se faz de petiço pra comer milho sovado.

• Beleza não me impressiona; conheço muito campo feio que dá boa aguada...

• Montado na razão, não se precisa de espora.

• Quem muito se agacha se le vê logo o rabo.

• Boi que se atrasa bebe água suja.

• Com quem veste saia - mulher, padre ou juiz - não se brinca.

• Pior que coruja de banhado: vive pousando de pau em pau.

• Quem gosta de aglomerado é mosca em bicheira.

• Em mulher e cavalo novo não se mete a espora.

• Carência afetiva na campanha, é falta de homem.

Existem pessoas que confundem os adágios com aquelas frases comparativas (ex.: mais constrangido que padre em puteiro), mas essas não são conselhos. São o que são: frases comparativas. Um dia posto algumas aqui.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

- Let´s rock!


Antes de toda esta gam a de tiros, poderes e ação oferecidas em celulares, PCs e consoles, o sujeito já andava por aí blowing up os asses dos aliens para salvar o mulherio, perguntando “who wants some?”, e cantando Born To Be Wild.
É difícil imaginar o impacto que teve o lançamento do Duke Nukem 3D, pela 3D Realms, antiga Apogee. Ele não foi o primeiro jogo em 3D, nem o primeiro em First Person, mas tinha uns avanços nunca antes vistos. O cara se abaixava, pulava, nadava, voava, dava pontapé e oferecia dinheiro pras putas das boates. Duke era um sujeito politicamente incorreto, com frases bem humoradas, repletas de palavrões e dez tipos de armas diferentes, para combater mais de dez tipos diferentes de aliens.
Por causa da boca suja e da bagaceirada, o jogo chegou a ser proibido em alguns lugares. Aqui no Brasil, em novembro de 99, um abobado, idiota, doente, inútil e lazarento reproduziu parcialmente a primeira fase do jogo em um cinema de verdade, em São Paulo: matou três pessoas e feriu outras quatro. No depoimento, ele falou do jogo – quem jogava, pelas características do crime, já sabia que o cara devia ter merda na cabeça – e Duke Nukem, teve sua venda proibida por aqui, mesmo depois de muito tempo de lançamento (o Duke 3D saiu em 1996).



Antes do 3D existiram dois Dukes em 2D e depois vários outros. Duke Nukem 3D saiu nas versões TNT e Atomic. Depois saíram versões para alguns consoles, além de PCs, mas com emuladores qualquer tum tem acesso a todos: Time to Kill, Zero Hour, Land of Babes, Advance, Mobile, Trilogy, Manhattan Project e...
...E só. Em 97 a 3D Realms anunciou o lançamento de Duke Nukem Forever, com gigantescos avanços em jogabilidade e gráficos. Fica aqui algumas frases do Duke...

I'm Duke Nukem, and I'm coming to get the rest of you alien bastards."
"Sou o Duke Nukem e tô chegando pra pegar o resto de vocês, alienígenas f.d.p.s."

"Eat shit and die!"
"Coma merd* e morra!"

"Your face, your ass, what's the difference?"
"Sua cara, sua bund*, qual a diferença?"

"Come get some!"
"Vem cá pegar, vem!"

"Hail to the king, baby!"
"Viva o rei, gata!"

"See you in hell."
"Te vejo no inferno."

"Hmm, don't have time to play with myself."
"Hmm, não tenho tempo de brincar comigo mesmo. (duplo sentido)"

"Nobody steals our chicks... and lives."
"Ninguém rouba nossas gatas... e permanece vivo."

"Yeah, piece of cake!"
"É, moleza!"

"This really pisses me off."
"Isso realmente me deixa p.!"

"I ain't afraid of no quake."
"Não tenho medo de nenhum terremoto."
(é uma referência ao jogo rival Quake, que significa "terremoto").

"It's time to kick ass and chew bubblegum. And I'm all outta gum."
"Tá na hora de chutar traseiros e mascar chiclete. E eu tô sem chiclete."

"Hehe, what a mess."
"Hehe, que bagunça."

"Blow it up yer ass."
"Vou estourar o seu rab*."

"Hmm, that's one doomed space marine."
"Hmm, taí um fuzileiro espacial ferrado."
(É uma referência ao jogo Doom, pai dos jogos em primeira pessoa).

"You wanna dance?"
"Você quer dançar?"

"Shake it, baby!"
"Rebola, gostosa!"

"Somebody's gonna frickin' pay for screwing up my vacation."
"Alguém vai pagar caro por ferrar com minhas férias."

"What are you waiting for? Christmas?"
"O que você está esperando? Natal?"

"Who wants some?"
"Quem mais quer?"

"You guys suck!"
"Caras, vocês são ruins!"

"We meet again, Dr. Jones."
"Nos encontramos de novo, Dr. Jones."
(É uma referência ao filme Indiana Jones).

"Damn... I'm lookin' good!"
"Maldição... eu tô bonito! (Quando se olha no espelho)."

"Ahhh... much better!"
"Ahhh... muito melhor! (Quando urina numa privada)."

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

- Highway to Hell



Opa! Tava curtindo aqui a discografia do AC/DC!
Depois do advento do filme Homem de Ferro 2, a banda acabou ficanso mais conhecida no meio da gurizada. Tony Stark curte AC/DC. Isso é bom, pra esse pessoal começar a se interessar por rock´n roll e deixar de lado a grande porcaria que virou a música do século XXI.
Afinal, o que é que pintou de bom na música atual?
[silêncio sepulcral]
É isso aí. E faz muito tempo que não aparece nada de bom.
The Strokes, Green Day, Coldplay, The Killers, System of a Down, coisas assim a gente escuta, mas não gosta, enquanto Creedence, Doors, Led, Pink Floyd ou Deep Purple a gente gosta, mas acaba não escutando, porque as rádios não tocam. No entanto, eu nem escuto mais rádio, vivo de streamming e cada vez tem mais gente assim.
Já tentou falar de música com o pessoal mais novo? É outra língua. 
O que eu vejo atualmente é um tipo de sensualidade gratuita e violência mais gratuita ainda. Rappers cheios de corrente e com cara de mau, com aspecto marginal, ou é impressão minha? Quando eles cantam (cantam?!), sacodem e apontam os dedos para a gente como se fossem armas nos intimidando, ou é só impressão minha?
Isso acontece por causa das mudanças mundiais. Principalmente nas mudanças sociais, econômicas e culturais. Se compararmos as Américas de hoje com o que eram, veremos que as gerações da América Latina brigavam por mais liberdade de expressão e contra as ditaduras que pipocavam pelo continente, enquanto as da América do Norte brigavam contra a fome de poder do governo americano em guerras como a do Vietnam e a Guerra Fria. Lá o pessoal falava de amor, de paz, havia uma certa espiritualidade mística, mesclada com alucinógenos. A rebeldia tinha sentido e ninguém confiava em alguém com mais de 30. A música acaba, de uma forma ou de outra, refletindo os aspectos da sociedade e os anseios de seu público alvo. É neste período que surge The Doors, Janis Joplin, Jimi Hendrix (esse eu nunca entendi o que ele queria dizer com aquelas distorções barulhentas ;-) ), CCR, The Who, Bob Dylan e um monte de gente boa. Por aqui, a maldita ditadura segurava o pensamento do pessoal, com o censor e sua foice de capar idéias. Só sobrevivia o iê-iê-iê bem comportado. Mas tinha Raul Seixas e tinha também Os Mutantes, que, com álbuns elogiados a partir de 68, acabaram influenciando até o Kurt Cobain, do Nirvana (eu não sei onde fica essa influência, mas dizem que tem sim).
Na explosão do que eles chamam de rock nacional dos anos 80, muita porcaria apareceu, mas alguma coisa boa pintou por ali. Camisa de Vênus, Legião. Lá fora, tinha U2, Men at Work, The Police. E daí o que todo mundo queria, aconteceu. Acabou a Guerra Fria e o mundo não suportava mais as ditaduras. O Figueiredo montou em seu cavalo – mais cheiroso que o povo, segundo ele – e se mandou, deixando o Brasil para a eleição civil de Tancredo Neves. A briga foi feia, mas havia acabado.
A música, como sempre, reflete o momento. Os jovens também. A gurizada de hoje em dia tem suas origens na gurizada do final dos anos 90, que são os pais deles. Uma geração que ficou entre realidades distintas: pais que foram criados por uma geração que tinha tudo para reclamar e os que nada tem a dizer, atualmente.
Então, resumindo, a culpa da gurizada escutar tanta imundície hoje em dia é culpa, em parte, da geração que não passou valores – pois não os tinha para passar, já que o mundo estava resolvido – e em (grande) parte pelos veículos de comunicação. Ou seja: já que eles não sabem pensar, deixa que a mídia ensina.