quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

- Guia Politicamente Incorreto


Quem não leu ainda, leia: Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, do jornalista paranaense Leandro Narloch (tudo o que o cara escreve é bom!). Aparentemente, ele nasceu sem nenhum apego patriótico (que eu só sinto pelo Rio Grande) e escreveu um livro sensacional, derrubando mitos populares sobre heróis e episódios marcantes do país, sem frescura, contrariando opiniões que, ao longo do tempo, cristalizaram-se como verdades inquestionáveis. E, olha, tem cada coisa...
Por exemplo, o legendário Zumbi, o maior negro do Brasil, símbolo da consciência negra, mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que trabalhassem na marra no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, infelizmente também para motivos óbvios e executava quem quisesse fugir do quilombo. Mas tudo isso era um comportamento comum, pois na Mãe África, inclusive, a mão de obra escrava era usada normalmente, negros explorando negros - chegando ao ponto de portugueses usarem escravos como moeda para comprar ouro africano. Sem papo de anacronismo, please.
O Aleijadinho, o escultor, é quase uma personagem de ficção. Aparentemente nunca existiu um quasímodo gênio tal como se divulga. As obras estão aí, o artista é que nunca esteve, pois muitas obras atribuídas a ele não lhe pertencem. A grife foi inventada, pelo lance retórico dos modernistas: "Eles escreveram sobre um escultor barroco como se ele fosse um artista romântico ou integrante das vanguardas modernas do século 20.”
O famoso voo de Santos Dumont é de 1906. Os irmãos Wright, norte-americanos, voaram em 1903, mas não valeu: o avião deles  - o Flyer - decolou impulsionado por catapulta, não por motor. Acontece que em 1904 e 1905 os gringos continuaram aperfeiçoando e voando, chegando a voos de dezenas de quilômetros, enquanto o famoso voo do 14 Bis foi de 220 metros - ele não conseguia voar, só dava uns pulinhos. “Em 1905, enquanto os irmãos Wright preparavam o Flyer para a venda, Santos Dumont passava tardes soltando pipas e atirando com arco e flecha. Não era só um passatempo francês, mas o aviador tentava aprender mais sobre aerodinâmica e asas planas, uma ciência nova para ele.” O brasileiro também não inventou o relógio de pulso, como se afirma, pois ele já era conhecido desde os tempos de Shakespeare. A rainha Elizabeth I (1533-1603) tinha um. Em 1868, a empresa Patek Philippe reinventou a peça, que também foi usada por militares nos campos de batalha do século 19, como na Guerra Franco-Prussiana. É brabo, mas é queijo, dizia uma velhinha sem dente comendo sabão. O livro ainda fala sobre o extermínio dos índios, Machado de Assis, Gilberto Freyre, Guerra do Paraguai e por aí vai. É uma leitura imperdível pra quem curte conhecer o lugar onde mora.

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