terça-feira, 2 de agosto de 2011

- Wolfgang Amadeus Mozart

Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart, nasceu em 27 de janeiro de 1756, na Áustria. O nome Theophilus (traduzido como “Gottlieb”, em germânico, encontrado em algumas biografias do cara) significa "amante de deus" ou "amado por deus". "Amadeus", é a versão latina deste nome. Já o sobrenome Mozart é datado do século XIV, aparecendo também como Mozarth, Motzhart, Mozhard ou Mozer. Muitos de seus membros se dedicaram à cantaria (pedras lavradas, usadas em lugar dos ladrilhos) e construção. Alguns foram artistas. Wolfgang Amadeus Mozart foi o maior deles.
Seu pai, Leopold Mozart, era músico e professor de violino. Era segundo mestre de capela da corte do arcebispado, servindo diretamente ao Príncipe-Arcebispo. Desde cedo Leopold viu que o guri dele tinha um talento fora do comum e aos quatro anos Wolfgang já sabia tocar cravo e violino e já estava compondo peças, interpretadas em dupla com sua irmã Maria Anna, apelidada de Nanneri.  Leopold fez uma espécie de Sandy e Júnior com os filhos e levou a gurizada pra uma turnê na Europa. Onde passavam, o pessoal se apaixonava pelos dois, mas o talento do guri acabou ofuscando o talento da irmã.
É que o cara era muito bom mesmo. Em Londres, entrou em contato com a música de Haydn  e ficou camarada de Johann Christian Bach, filho do Johann Sebastian Bach. Tocou pra Rainha da Inglaterra e encantava todas as cortes que visitava. Leopold encheu os bolsos e Wolfgang ganhava uma enorme fama.
E o guri crescia...
Agora, a gente tem que imaginar o contexto da música, na época. Primeiro, tem que se ter em mente que “música clássica” tem dois sentidos, dependendo de quem fala. Pra maioria do pessoal, “clássica” engloba tudo que é erudito.  Mas, na real, a música clássica só foi composta entre  1750 e 1810, incluindo aí Haydn, Mozart, e as composições iniciais de Beethoven – antes disso fica o “Período Barroco” e depois o “Romântico”.  Naquela época, o músico vivia a serviço da alta nobreza, e não passava de um criado que, depois de fornecer música para fundo de jantares e conversas, ia jantar na cozinha com os demais empregados da casa. Para agradar os seus patrões, precisava seguir as tradições musicais ou levava um pé na bunda. Não se podia criar nada fora das estruturas tradicionais. Haydn, por exemplo, era um sujeito que  aceitou bem esse trato e cumpriu muito bem as suas obrigações. Já Wolfgang Amadeus Mozart não aceitou estes limites. O cara sabia o talento que tinha e era dono de uma rebeldia natural e uma cara de pau sem tamanho: Amadeus foi sem dúvida o primeiro roqueiro do mundo!
Não, ele não queimou pianos como o Jerry Lee. Ele mudou a música e a forma como a gente conhece. Continuando...
Quando volta pra sua cidade, Salzburgo, ele é nomeado o violinista principal corte do arcebispado, mas o Príncipe-Arcebispo agora é outro: muito mais rígido e sem frescura: meio que decretou que as viagens e as invenções musicais deveriam acabar. Ou Amadeus andava na linha ou...
Wolfgang tinha 13 anos.  Angustiado, fica quatro anos no emprego, depois larga tudo e sai pela Europa, sentindo o ventinho da liberdade na cara. Acaba se apaixonando pela cantora Aloysia Weber, mas não é correspondido. Cinco anos depois, ele casa com a musicista Constanze Weber, irmã mais nova de Aloysia. Aos 23 anos ele volta pra Salzburgo com um monte de composições, mas o Príncipe-Arcebispo o escorraça na corte, expulsando-o a pontapés.
O gênio estava pagando preço alto pela obstinação em se manter fiel aos seus princípios. O cara passa a sentir na pele o desprezo da sociedade vienense que não vibrava mais com suas obras. A grande ópera As Bodas de Fígaro foi um fracasso financeiro. Em compensação, a obra foi bem recebida em Praga, o que levou à encomenda de outra ópera: Don Giovanni. Entre os tchecos foi um sucesso, mas em Viena, foi considerada “mais uma bosta do Amadeus”.
A situação econômica de Mozart piora e a fama desaparece. Quando estava na merda absoluta, um camarada maçom (isso mesmo, Amadeus foi iniciado em 14 de Dezembro de 1784 na Loja Zur Wohlthätigkeit) encomenda a ele uma ópera para o povo. A Flauta Mágica estreou triunfante em um pequeno teatro popular na periferia de Viena.  Depois disso, recebeu a encomenda de duas outras composições de vulto, o Réquiem, de um solicitante que lhe exigiu sigilo sobre a composição e desejava permanecer anônimo, e a sua última ópera, A Clemência de Tito, estreada em Praga com muito aplauso. Foi ali, em Praga, que caiu doente e nunca mais recobrou a saúde. Em novembro de 1791, ficou de cama e recebeu atendimento médico. Em dezembro pareceu melhorar, e até tocou partes do Réquiem inacabado com alguns amigos. No dia 4 teve uma piorada violenta, chamaram às pressas o médico, mas deu pra bola: lá pela uma da manhã de 5 de dezembro de 1791, o rebelde Wolfgang Amadeus Mozart morreu.
Foi velado na catedral em 6 de dezembro e foi enterrado numa vala comum no cemitério da Igreja de São Marx, nos arredores de Viena, sem ninguém a acompanhá-lo. Talvez Salieri (vá ver o filme Amadeus), Van Swieten e o aluno Süssmayr  (que um tempo depois completou o Réquiem) tenham acompanhado o enterro. Não foi erguida nenhuma lápide e o local exato da tumba pra sempre vai ser desconhecido. Os obituários foram unânimes em reconhecer a grandeza de Mozart, os maçons fizeram celebrar uma missa suntuosa no dia 10 e publicaram o elogioso sermão proferido em sua honra. Vários concertos foram dados em sua memória, e alguns em benefício de Constanze. Em Praga, as homenagens fúnebres foram ainda mais grandiosas do que em Viena.